Quando apareceste a minha vida mudou.
Deu uma reviravolta e eu perdi o sentido de orientação
para o caminho que me propunha, para só seguir o teu.
Tiraste-me a vida, deixei de ter sentidos, não reajo,
vivo somente para ti e fico pelos cantos chorando e pensando se voltas ou não.
Todos os dias espero a tua volta com ansiedade e o desejo de uma criança que
quer um brinquedo ou de uma adolescente apaixonada.
Quando estás presente o mundo desaparece à minha volta, embora os meus sonhos,
quando durmo, me ponham de sobreaviso.
Todos à minha volta ficaram afectados pela inércia que se apoderou de mim,
não dou atenção aos meus amigos ou à minha filha porque simplesmente
os meus dias são para chorar a tua perda.
Cada dia que passa sinto que perdi um pouco mais de ti,
por causa de quê ou porque motivo, não sei.
Foi o teu filho ou a tua mãe? Não sei a resposta.
Sinto apenas que vais ficando cada vez mais longe.
E eu tenho de recuperar as forças que me levaste,
para lutar contra a maldade que rodeia o nosso amor.
Vou afastar-me e tentar encontrar aquilo que fugiu contigo,
para isso vou contar com a ajuda das minhas amigas e irei por fim voltar a viver
com o amor,
mas sem ficar doente, porque perto de ti o amor é doentio e cega-me.
Agora que estamos longe já posso respirar, dar atenção a quem não dei,
recuperei os sentidos e voltei a viver.
Mesmo assim obrigada por me teres mostrado que ainda sabia amar
e que ainda sei viver um grande amor.
Estando afastados posso ver agora que o amor está onde menos esperamos
e que pode ser sempre alcançável, basta lutar com garra e enfrentar tudo o que
apareça.
Já partiste e levaste contigo a meiguice dos teus dedos que voltei a encontrar
noutras mãos.
Que estejas em paz e que aí onde estás tenhas aquilo que te tiraram em vida.
Eu continuo a viver, agora para um novo amor que me dá
tudo aquilo que me tiraste enquanto estivemos juntos
A Tua Preferida...
(Resumo do Livro "Sandálias de Prata" de Cristina Caras Lindas - Novembro
2001)